sábado, 10 de março de 2012

Marcha Mundial das Mulheres- RJ na luta por um projeto justo de desenvolvimento

Se um outro mundo é possivel, chegou a horas das mulheres dizerem qual será ele!

O Brasil hoje vive um momento de inegáveis transformações sociais. Desde 2003 os índices de desemprego são cada vez menores assim como a desigualdade social e a miséria absoluta. Programas de transferência de renda em conjunto com a política de valorização do salário minimo vêm garantindo um acesso mais amplo aos bens de consumo, ao crédito, aos serviços privados. O país cresce economicamente porque, entre outras coisas, o mercado interno se democratiza e o mercado de trabalho aquecido gera maior riqueza produzida pelos trabalhadores e trabalhadoras. Apesar disso não sabemos qual o projeto de sociedade que está por trás dessas mudanças.  A pergunta que fazemos é: será que as transformações recentes e os bons índices econômicos podem nos garantir um outro modelo de sociedade?

Esse ano o Brasil e o Rio de Janeiro em especial vivem um momento de importantes debates e decisões sobre os rumos de nossa sociedade. A Rio+20 que acontecerá em junho é um dos maiores fóruns governamentais do planeta e o que está em jogo é a discussão sobre um novo modelo de relação com o meio ambiente. No entanto, nós dos movimentos sociais, sabemos que os governos assim como a ONU não estão dispostos a propor transformações radicais de ruptura com o modelo capitalista de sociedade. A tarefa de elaborar um outro modelo de desenvolvimento está inteiramente colocada para a sociedade civil que se organiza na Cúpula dos Povos, fórum paralelo à Rio+20, protagonizado pelos movimentos sociais do mundo todo. Não estamos interessadas em metas para viabilizar um “capitalismo verde”, nem mesmo acreditamos em um modelo de sustentabilidade que não cause fissuras ao paradigma capitalista de desenvolvimento. Queremos um outro mundo, sem exploração de qualquer tipo, justo e igualitário.

Nós da Marcha Mundial das Mulheres estamos participando ativamente da construção da Cúpula dos Povos porque acreditamos que o modelo de desenvolvimento em curso no Brasil e no mundo não nos contempla. A pobreza e os desastres ambientais afetam imensamente as mulheres do mundo todo assim como a concentração de terras e a privatização crescente dos bens comuns. As experiências mais vitoriosas de costrução de um outro modelo econômico, como a agroecologia e a economia solidária só são possíveis por conta do protagonismo feminino nessas redes e por isso pensamos que as mulheres tem muito a contribuir para uma sociedade mais justa e solidária.
No Brasil achamos que o modelo de desenvolvimento amplamente baseado no acesso ao mercado de consumo não nos serve. Defendemos a desmercantilização dos serviços básicos e para isso exgimos um fortalecimento da saúde, dos transportes, da educação e dos serviços públicos no geral. Um país justo é um país sem miséria mas com amplo acesso às coisas públicas.

Pedimos o veto da Presidenta Dilma às mudanças nefastas do novo código florestal assim como seu comprometimento com a politica de reforma agrária que se encontra paralisada. O modelo de desenvolvimento do campo baseado no agronegócio é inimigo das mulheres e dos mais pobres porque gera desigualdade, elimina as populações camponesas e contribui para a disseminação de agrotóxicos em nossos aliementos. A agricultura familiar, com o protagonismo das mulheres camponesas, deve ser nossa politica para o campo. Não podemos mais aceitar o exterminio de populações indigenas, seringueiras e ribeirinhas pelos latifundiários!

Um novo modelo de desenvolvimento é possível e ele não será construído pela centralidade da inclusão pelo mercado, mas justamente pela desmercantilização da vida das populações mais pobres através da ampliação do acesso ao público e aos bens comuns. Por uma reforma agrária e pela dignidade da vida no campo que só virá através da aposta na agricultura familiar e não no agronegócio.

Não vamos aceitar um projeto de desenvolvimento urbano que expulse os pobres dos centros das cidades através da crescente especulação imobiliária. Queremos que o acesso à cidade seja uma garantia cidadã assim como a questão do transporte público precisa ser tratada como um direito à cidade e à mobilidade urbana. Os mega eventos como a copa e a olimpíada não podem produzir um processo de exclusão e desapropriação comandado pelo grande capital. As mulheres exigem uma cidade democrática, um transporte público digno e acesso à cultura.

Queremos um modelo de cidade justa e democrática que só será viabilizado pela ampliação dos serviços públicos de qualidade: transporte, alimentação, creches, lavanderias. Só assim haverá uma justa divisão dos trabalhos sociais. O debate sobre um novo modelo de desenvolvimento nos impõe uma tarefa militante: convencer a sociedade de que economia e politica andam juntas e que metas econômicas, assim como a viabilidade do crescimento econômico, não podem ser dimensões apartadas da disputa politica por um novo modelo de sociedade. A marcha mundial das mulheres acredita que o feminismo se faz, entre outras coisas, pela disputa de valores na sociedade, especialmente aqueles ligados à igualdade, justiça e socialização dos bens públicos.

Um outro mundo é possível e chegou a hora de dizer que mundo é esse!

Não há revolução sem feminismo. Não há projeto de desenvolvimento viável sem a luta das mulheres!

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