domingo, 25 de dezembro de 2011

MENSAGEM FIM DE ANO DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES!

Companheiras,

Chegamos a mais um final de ano cheio de trabalho, como vários outros, de muita luta!

Sentimos que colhemos bons frutos ao logo desse ano de intensas ações políticas. Sentimo-nos mais fortes e vemos florescerem, em outras companheiras que se aproximaram da Marcha Mundial das Mulheres o sentido da solidariedade feminista, que tanto temos afirmado desde a constituição da MMM, há pelos menos 11 anos, e isso só tem crescido!

Sabemos que em 2012 nossos desafios serão tão grandes quanto em 2011, mas não há como não ser contagiada por tantos exemplos de superação e tanta aprendizagem que todo o processo de construção da nossa marcha que tem nos proporcionado muitos sonhos!

Que em 2012 permaneçamos fortes no propósito de seguir em Marcha até que todas sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres
Coordenação Executiva Brasil 



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boletim da Marcha Internacional, Volume 13 - Número 5 - Dezembro de 2011 (versão em português)


Queridas companheiras,

Estamos felizes em encerrar 2011 compartilhando com vocês nosso último boletim internaiconal de 2011 (n.05), que traz informações e fotos do nosso encontro 8º Encontro Internacional da MMM.

É engraçado falar sobre o encerramento de um ano que permanecerá na história como a Primavera inacabada. A todas as mulheres que em 2011 criaram seus próprios momentos, a todas e todos que ocuparam as ruas e praças, garantimos que em 2012 continuaremos na luta, contentes de saber que nós, juntas,tornamos a vida das mulheres e todo o mundo melhor!


[ Clique aqui para ler o Boletim da Marcha Internacional (versão em português) :  http://migre.me/7gEKW  ]


Nesta edição:
- 8º Encontro Internacional, nas Filipinas: um êxito! Próximo destino: Brasil!

- Nossas ações frente à conjuntura

- Aprovação do novo estatuto

- A MMM de Filipinas garante imersão das participantes na cultura local

- Transferência do Secretariado Internacional (SI)

- Vídeos registram Ação Internacional de 2010!

- Eleição do Comitê Internacional (CI)

- Articulação internacional das jovens

- As intérpretes

- 25 de novembro: basta de violência contra as mulheres!

- Alianças ampliam e fortalecem nossas lutas


Clique para baixar o boletim on-line em:

Castelhano - http://www.marchemondiale.org/bulletin_liaison/2011/05/052011pdf-es
Francês - http://www.marchemondiale.org/bulletin_liaison/2011/05/052011pdf-fr
Inglês - http://www.marchemondiale.org/bulletin_liaison/2011/05/052011pdf-en

Agenda 2012:

Como parte de sua estratégia de autofinanciamento, a MMM em Chile edita pela segunda vez sua agenda que, em 2012, é dedicada a nossas mulheres detidas desaparecidas e executadas durante a ditadura e às ações dos movimentos sociais. Reserve já seu exemplar pelo e-mail: marchamundialchile@gmail.com ou busque no Facebook (Marcha Mujeres Chile).

Boa Leitura!

Secretariado Internacional - MMM

domingo, 4 de dezembro de 2011

Durban e Rio+20: NÃO aos mecanismos de mercado como solução para o enfrentamento da crise ambiental e climática

Frente à COP 17 – Durban e Rio+20: NÃO aos mecanismos de mercado como solução para o enfrentamento da crise ambiental e climática

Apesar dos sucessivos fracassos em relação às soluções de mercado propostas nos últimos quase 20 anos das negociações da UNFCCC, alguns governos, entre eles o Brasil, continuam insistindo em promover os mecanismos de mercado dentro do marco regulatório de clima para solução da crise climática, bem como rumo a economia verde proposta para ser discutida na Rio+20, em junho do próximo ano.

Desde a sua criação em 1992, o objetivo da Convenção de Clima é a de reduzir as emissões de gases de efeito estufa de modo que não se implique em risco aos sistemas naturais do planeta Terra, de acordo com o texto da UNFCCC visa “a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático” Este objetivo não conseguiu nem de perto ser atendido, ao contrário, o único instrumento jurídico vinculante, o Protocolo de Kyoto, que definiu o corte ínfimo de apenas 5,2% das emissões dos países do Norte (em relação aos níveis de 1990) para um período até 2012, corre o risco de não ter seu segundo período aprovado.

Foi demonstrado desde a criação de Kyoto que o foco do mesmo, ao invés de ser o de atender ao objetivo da Convenção, foi de institucionalizar o mercado de carbono no âmbito das Nações Unidas e no interior dos países signatários. Fica cada vez mais evidente que a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – dentro dos mecanismos de flexibilidade presentes em Kyoto – e sua implementação nos países em desenvolvimento vem aumentando os impactos locais negativos onde os projetos são instalados, ampliando situações de injustiça ambiental e de violações dos direitos humanos e não contribuem efetivamente para a redução de emissões.

Assim, os grandes beneficiários da crise climática e das políticas aprovadas no âmbito multilateral são as grandes corporações e o sistema financeiro internacional, que vem se renovando por meio dos instrumentos criados pela Convenção, como no caso do Banco Mundial que ganhou novo fôlego nos últimos anos com o tema climático e, mais atualmente, ao ser escolhido como tesoureiro do Fundo Verde de Clima da UNFCCC, mesmo com a oposição de vários países e da sociedade civil internacional.

Atualmente, após a criação do mecanismo de REDD+ na COP 16, no acordo de Cancun, o mercado de carbono se consolida como principal aposta para propostas em curso de financiamento para REDD+. As organizações e movimentos sociais que compõem o Grupo Carta de Belém e que lutam pela justiça ambiental e climática rechaçam o REDD+ como mecanismo de mercado de carbono que sirva também para compensar as emissões de gases dos países desenvolvidos. Estas organizações entendem que o mercado de carbono e o mecanismo de REDD+ são falsas soluções à crise climática e vão contra a necessidade dos países do Norte de assumirem suas responsabilidades e dívidas históricas com os países e povos do Sul e de reduzirem suas emissões, bem como transferem o foco das discussões da queima de combustíveis fósseis, verdadeiras responsáveis pelas mudanças climáticas atuais, para as florestas.

Enquanto o Brasil pretende se mostrar para o mundo como um grande exemplo de transição para a economia verde, no âmbito doméstico veem-se processos que demonstram exatamente o contrário do discurso apresentado. Por um lado, vemos o desmonte da legislação ambiental nacional, com a flexibilização do Código Florestal, com o PL 195/2011 sobre REDD+ e o PL 792/2007 de contratos de pagamentos por serviços ambientais, propostas que ultrapassam o modelo de incentivos promovidos por políticas públicas para a comercialização da biodiversidade e dos bens comuns, bem como fortalecendo o mercado de carbono a nível nacional por meio da criação de títulos representativos de estoques de carbono (Certificado de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal – CREDD) ou de florestas e da biodiversidade (Cota de Reserva Ambiental, contida na atual proposta do Código Florestal).

Por outro, está em curso um processo de carbonização da economia, com o aumento das emissões decorrentes do setor energético em função da ampliação da participação de termelétricas na matriz energética nacional e da exploração do pré-sal que triplicará a produção de petróleo e gás nos próximos dez anos.

Além disso, o Grupo questiona como o Brasil irá cumprir suas metas voluntárias apresentadas em Copenhague, na COP 15, e aprovadas na Política Nacional de Mudanças Climáticas, com o aumento considerável do desmatamento da Amazônia e do Cerrado, fruto das medidas pré-aprovadas no novo Código Florestal.

Por estes e outros motivos o grupo Carta de Belém finaliza apontando que várias políticas e legislações estão sendo pensadas para serem finalizadas até a Rio+20, em junho do próximo ano, e isso sem um debate com a sociedade brasileira, ou grande parte dela, especialmente sem a participação das bases de organizações e movimentos sociais. A construção de um marco legal neste sentido poderá gerar um fato consumado e impossibilitar qualquer barganha nas negociações internacionais de clima e inviabilizar qualquer iniciativa futura de proteção da soberania nacional do Estado e de seus povos aos territórios, bem como de políticas que enfrentem de fato a crise climática por fora do mercado.

Rejeitamos um regime de clima floresta-cêntrico!

Queremos a justiça ambiental e climática!

Defendemos a proteção das florestas e dos direitos dos povos que nela vivem!

Não ao REDD+!

Assinam:

ABA – Associação Brasileira de Agroecologia
Amigos da Terra Brasil
ANA Amazônia
AS-PTA
Articulação Pacari
CEAPAC – Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária – PA
CEPEDES – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/BA
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
FAOR – Fórum da Amazônia Oriental
FAMCOS – Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém – PA
FASE
FECAP – Federação das Entidades comunitárias do Estado do Amapá – AM
Fetraf Brasil – Federação dos Trabalhadores/as da Agricultura Familiar
Fetraf Sul
FORMAD – Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Fórum Carajás
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
Instituto Terramar
INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos
Instituto Mais Democracia
Jubileu Sul Brasil
Justiça nos Trilhos – MA
MACA – Movimento Anti-capitalista Amazônico
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MMM- Marcha Mundial das Mulheres
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Organização das Associações Comunitárias da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns/ Tapajoara – PA
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
RBJA – Rede Brasileira de Justiça Ambiental
STTR Xapuri – AC
Terra de Direitos
Via Campesina Brasil

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O machismo abunda

Artigo de Tica Moreno, militante da MMM/SP - Publicado na Revista Teoria e Debate

 A publicidade ainda segue a noção do ser mulher baseada em imposições que mantêm um modelo de submissão, docilidade e disponibilidade, disfarçado de liberdade de escolha. Tal modelo permite a proliferação de discursos misóginos e de controle sobre a sexualidade
Não é novidade a crítica feminista ao uso de
 estereótipos e preconceitos pela publicidade
Foto: Reprodução http://dadospessoais.net/

No final de setembro, a publicidade sexista entrou em debate a partir da solicitação feita pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) ao Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) para que um comercial da Hope fosse suspenso, por reforçar o estereótipo da mulher como objeto sexual. Na propaganda, Gisele Bündchen ensinava as mulheres a melhor forma de dar uma notícia ruim ao marido: apenas de lingerie. A reação ao pedido tomou grande proporção, ocupou páginas de jornais de grande circulação e páginas na internet. Em sua maioria, os argumentos reforçaram mais uma vez estereótipos sexistas, como o que afirma que as feministas não têm senso de humor ou que as críticas às propagandas partem de mulheres feias. Poucas foram, entre as questões abordadas, as que se relacionavam à reflexão sobre a mercantilização do corpo das mulheres.

Não é de hoje que a publicidade usa estereótipos e preconceitos em sua concepção. Também não é novidade o questionamento feminista a essa utilização. Podemos identificar um padrão na publicidade: reproduz o machismo de maneira explícita ou sutil. Explícita, quando a mulher retratada se confunde com o produto que se pretende vender; sutil, mas ainda óbvia, quando aparece no papel vitalício de mãe, dona de casa, paciente e sorridente, que terá seu trabalho reduzido por um produto fantástico para limpar melhor a casa.

Mas a crítica feminista à mercantilização do corpo das mulheres na publicidade e na sociedade em geral não se restringe ao questionamento da exposição permanente de corpos nem à análise de uma ou outra propaganda isolada de um debate maior.

A lógica da mercantilização atua de múltiplas formas. Constrói padrões de beleza em torno de um corpo ideal, que pode ser atingido através do consumo dos produtos certos, e assim movimenta a economia. Em 2008, a crise nem passou perto das indústrias cosmética e farmacêutica, que cresceram por volta de 8%. As mulheres compõem a maior fatia desse mercado consumidor, em uma busca incessante de moldar o corpo, a aparência e o comportamento.

Esses padrões, baseados em um modelo de feminilidade que naturaliza o lugar das mulheres e sedimenta as exigências sobre elas em função do olhar, expectativas e desejos masculinos, têm efeitos drásticos sobre o corpo e a saúde. Não por acaso, a OMS aponta transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia entre as principais causas de morte de mulheres jovens em alguns países, como a Itália.

Para as mulheres que estão no mercado de trabalho, o sucesso profissional deve ser conciliado com a formação e manutenção de uma família feliz, na qual continuam responsáveis, se não por todo o trabalho doméstico, por grande parte dele. Este é, muitas vezes, terceirizado para outra mulher, o que faz com que o emprego doméstico seja a principal ocupação das mulheres, sobretudo negras, no Brasil atual. Ao trabalho remunerado fora de casa e às pressões para dar conta da sobrevivência e do equilíbrio da família, da educação dos filhos, do cuidado com os idosos, soma-se a necessidade de estarem sempre bonitas e com o corpo na forma estabelecida pelas capas de revistas, além de alegres e pacientes. Para isso, o mercado oferece cremes, maquiagens, medicamentos comportamentais para reduzir o apetite e controlar a ansiedade.

domingo, 27 de novembro de 2011

9º encontro Internacional da Marcha será no BRASIL!!!

No dia 24 de novembro, as delegadas presentes ao 8º Encontro Internacional da MMM, realizado em Quezon City, nas Filipinas, aprovaram a realização do próximo encontro internacional no Brasil, que está previsto para 2013. Além do Brasil, também o Mali apresentou candidatura para receber a reunião.

No grupo de discussão das Américas, obtivemos total apoio e incentivo à iniciativa. No diálogo com as companheiras do Mali, reforçamos que seria muito importante que o Brasil sediasse o 9º Encontro, uma vez que podemos contribuir muito com a MMM Internacional compartilhando nossa experiência de relação entre a Coordenação da MMM brasileira e o Secretariado Internacional.

Ademais, é importante para Brasil conduzir o processo de transferência do Secretariado Internacional, que ocorrerá no próximo encontro, como forma de fechar um ciclo que foi iniciado com a eleição da C.N brasileira para secretariar internacionalmente, e a indicação de Miriam Nobre como Coordenadora Internacional da MMM .

Nada mais justo, portanto, que depois de tanta dedicação da Coordenação Nacional brasileira para com o movimento internacional, que pudéssemos encerrar esse ciclo realizando o Encontro internacional que elegerá o novo Secretariado Internacional.

Jovens feministas
A inclusão das jovens feministas na construção da MMM foi um tema muito debatido neste encontro. O Brasil tem uma boa experiência para compartilhar com as companheiras dos outros países, sobretudo em relação a Batucada, que é um instrumento político utilizado pelas jovens de todo o país, como forma de mostrar sua irreverência e identidade.

Movimentos Aliados
A conferência com os movimentos aliados foi uma demonstração de fortaleza da Marcha Mundial das Mulheres. Sete movimentos que fazem aliança com a MMM estiveram presentes no nosso Encontro, entre esses, podemos destacar a Via Campesina, Amigos da Terra, CADTM, e o Movimento das Mulheres Sindicalistas.

Entre as diversas agendas e bandeiras apresentadas para o próximo período, uma se fez presente entre todos os movimentos: a luta pelo fim da violência contra as mulheres. Essa informação nos deixou muito contentes, porque significa que nossa estratégia de convencimento para a inclusão de agendas mútuas está ocorrendo no cotidiano.

A MMM sempre dialogou com todos os movimentos sociais parceiros, afirmando que se todos deveriam assumir a luta contra a violência sobre as mulheres, assim, o movimento feminista terá mais tempo para também se dedicar as demais lutas de transformações mundiais. E nas Filipinas os movimentos aliados da MMM demonstraram que respondeu ao chamado.

Reunião das Americas definem representantes para o Comite Internacional
Através das reuniões por região se discutiu as estratégias de ação para o próximo período. Nas Américas além de avaliação e relato das atividades realizadas, destacou-se a importância da política de formação e fortalecimento das coordenações nacionais.
Aprovamos o calendário da região para 2012 elegendo as seguintes ações como prioridade: RIO + 20 e Festival das Juventudes em Fortaleza-BR; Encontro feminista que se realizará na Argentina; 24 horas de ação pela paz.

Alem das estratégias de atuação de cada região, foram eleitas as companheiras que irão compor o comitê internacional:
America: Emilia Castro (Quebec) e Sandra Morán (Guatemala), Tamara Columbie (Cuba)
Ásia: Jean Enriquez (Filipinas) e Salima Sultana (Bangladesh), Françoise Caillard (Nova Caledônia)
África: Nana Aicha Cisse (Mali) e Graça (Moçambique)
Europa: Judite Fernandes (Portugal), Yıldız Temürtürkan (Turquia). Suplente: Natasha Dokovska (Macedônia)
Mundo Árabe: Souad Mahmoud (Tunísia)

*Por Conceição Dantas e Raquel Duarte - ambas militantes da MMM/Brasil

Fonte: MMM

sábado, 26 de novembro de 2011

As mulheres de Apodi lutam contra o agro e hidronegócio na Chapada do Apodi


Desde agosto de 2011, a Comissão de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras rurais do município de Apodi começou a enviar cartas endereçadas à Presidência da República, reivindicando a revogação do Decreto Nº 0-001 de 10 de Junho de 2011. Esse decreto irá desapropriar mais de 13 mil hectares de terra na região da Chapada do Apodi, expulsando, assim, mais de 150 famílias de suas casas, de suas terras e de uma história que vem sendo construída por esses trabalhadores e trabalhadoras há mais de 60 anos.

O objetivo desse projeto de desapropriação, que é coordenado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), é beneficiar 5 (cinco) grupos de empresários do hidronegócio, desviando as águas da Barragem de Santa Cruz do Apodi para a irrigação. O modelo de irrigação na região tem demonstrado seus efeitos devastadores. Em Baraúna, inclusive a água já se encontra contaminada com veneno usado nas plantações e as terras se encontram sem condições para produzir. No Vale do Assú, as empresas do agronegócio colocaram as mulheres para realizar tarefas que anteriormente eram realizadas por animais. Em seus plantios, não disponibilizam água potável, nem banheiros.

Na divisão do trabalho doméstico são as mulheres as responsáveis por buscar água para o consumo da família. Uma vez que essa água se contamine, as mulheres terão que voltar ao tempo e serão obrigadas a buscar águas a enormes distâncias de suas casas tanto para beber como para cozinhar, pois a forma das empresas produzirem é sugando e contaminando a água. Além disso, a pulverização aérea, tão comum no agronegócio, contaminará a terra, a água, o ar e mesmo o organismo das pessoas, uma vez que estas estarão respirando o mesmo ar enevenenado utilizado para matar os insetos que, em uma plantação tradicional se tornam pragas, já que a natureza perde a capacidade de manter o equilíbrio.

Dito isto, queremos pedir a solidariedade de todos e todas que desejam construir um mundo igual para homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras do campo ou da cidade para juntar-se a nós na luta contra esse projeto de morte da natureza, dos nossos sonhos e dos próprios seres humanos.

Neste primeiro momento, é importante o envio de manifestações contrárias a este projeto, diretamente para a presidência da república (Secretaria-Geral da Presidência da República: sg@planalto.gov.br)

Nas próximas semanas enviaremos mais informações sobre como se engajar nesta luta.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Informes do Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

Companheiras,

O 8o Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres já começou!

Nossas companheiras que representam o Brasil no Encontro estão enviando noticias, que estarão disponíveis todos os dias no site da MMM e no blog www.ofensivammm.blogspot.com

Segue o relato do primeiro dia, com fotos.

Encontro internacional da MMM: 1º dia 34 países, 80 mulheres, um só ideal!

Hoje, dia 21 de novembro, se deu início ao Encontro internacional da Marcha que está acontecendo em Manila, Filipinas.

Como não podia deixar ser, o Encontro começou com toda a alegria e irreverência característica da MMM em todos os países.

Com uma mística envolvendo todos os países e territórios aqui presentes, e os elementos essenciais para a nossa vida (fogo, água, terra e ar), nos sentimos ainda mais próximas e conectadas.

Antes de iniciar a pauta do dia, fomos presenteadas com uma belíssima apresentação de um grupo contemporâneo típico das Filipinas, com música, batuques, danças e muita alegria.

Pronto, depois de muita integração e apresentação, estávamos prontas para dar início à pauta do dia. Iniciando a jornada, a integrante do Comitê Internacional, Miriam Nobre, contextualizou o momento em que vivemos apontando algumas diretrizes de atuação da MMM neste contexto.
Vivemos em um momento de crise, para muitas não é uma simples crise cíclica do capitalismo, é uma crise social, histórica, civilizatória.

Para outras, as mulheres vivem essas crises há séculos.

Depois de muito debate, apareceram quatro pontos gerais que fazem parte de nossa estratégia neste momento histórico:

1- Ser um movimento enraizado nas lutas locais com relações e estratégias internacionais.

2- Articulação das lutas em pontos comum, relacionados aos quatros eixos da Ação de 2010;

3- Construir experiências democráticas de auto-organização, de forma coletiva, onde todas possam contribuir.

4- Construção de alianças capazes de fortalecer a luta feminista em todos os espaços.

O dia terminou com uma “Noite da Solidariedade” onde cada país pode compartilhar um pouco de sua cultura.

Nós, do Brasil, fizemos uma pequena amostra da irreverência de nossa Batucada, que encantou a todas.

Você que está lendo este texto, não se esqueça de levar em consideração que aqui nas Filipinas são 10 horas a mais que no Brasil, por isso, pode haver alguma confusão nas datas das postagens.

*Relato de Raquel Duarte, militante da MMM Brasil.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Encontro da Marcha Mundial das Mulheres faz balanço e debate linhas de atuação

por Camila Queiroz - Jornalista da ADITAL

Materia originalmente publicada em
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=62363


Entre os próximos dias 20 e 25 de novembro, mulheres de mais de 30 países estarão reunidas no 8º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), que ocorrerá na Cidade Quezon, Filipinas. O momento, realizado a cada dois ou três anos, se propõe a avaliar ações e traçar linhas de trabalho para anos seguintes, além de fortalecer movimento.

Coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha, Miriam Nobre informa que o Encontro fará balanço da Terceira Ação Internacional da Marcha, ocorrida em 2010 em países onde há conflitos internos e muitos casos de violência contra as mulheres no marco desses conflitos, como Congo, na África, Colômbia, na América do Sul, e Turquia, no Mediterrâneo.

"A gente optou por atuar no território em concreto onde isso acontece e agora precisamos ver como dar seguimento a essa ação, como se fortalecer para dar resposta a essas mulheres que vivem conflitos em seu país e encontrar alternativa para o mundo todo”, declara.

Também está na pauta o contexto sócio-econômico e político mundial, pois é a partir dele que a Marcha planeja suas ações. "A crise econômica só será terminal se a gente tiver alternativas. Vemos formas de organização em acampamentos, principalmente nos países no Norte, mas a gente tem que debater que tipo de movimento é necessário para o atual momento e o que a MMM pode fazer”, explica.

Outro objetivo do evento, segundo a militante, é pensar a organização interna. "A gente quer garantir uma estrutura flexível, a mais horizontal e democrática possível. Temos que rever estatuto e regras de funcionamento. Será iniciado processo para eleger o Comitê Internacional da Marcha e também para eleger Secretariado Internacional, que ainda está com o Brasil”, detalha.

Por ser a primeira vez em que a Marcha se reúne no sudeste asiático, o Encontro está carregado de expectativas. "Esperamos conhecer o movimento de mulheres de lá e perceber como é a dinâmica do local, para conhecer realidade a delas e sair de lá contaminadas por essas questões”, disse. Além disso, há a intenção de reestruturar a Marcha no mundo árabe, esperando-se a presença de militantes feministas da Tunísia e da Palestina.

Por fim, Miriam destaca a importância do Encontro como momento para fortalecer a própria tessitura da Marcha, estreitando contato entre as militantes, que poderão compartilhar entre si experiências tão diversas – pois são mais de 30 países das Américas, África, Ásia e Europa, cada um com sua cultura política – mas que se ligam por a partir de situações de opressão que se repetem.

"A MMM é um movimento de base, então é super importante um momento em que a gente se encontre cara a cara. Por mais que a gente se fale por telefone, por e-mail, etc., é importante compartilhar o que está acontecendo em nosso país, mostrar que nossa realidade não é única, mas que faz parte de um contexto”, comenta.

Conjuntura

Está disponível, no site da Marcha, um texto que subsidiará o debate no 8º Encontro Internacional. Em destaque, a busca por um trabalho anti-capitalista por parte do movimento frente às consequências da crise do modelo capitalista, sentida mais fortemente, até agora, nos países ditos centrais para o sistema.

Para a marcha, o fundamental é avaliar como essa conjuntura repercute na vida das mulheres em todo o mundo, com ataques de setores ultra-conservadores aos direitos civis, sexuais e reprodutivos, reforçados pela mídia, que, na opinião do movimento, fortalece a ofensiva contra as mulheres.

"Apesar da existência de várias leis contra a violência de gênero, temos testemunhado a intensificação da violência contra as mulheres, expressa no feminicídio. Em particular, temos notado em todos os continentes o aumento de violência contra mulheres (e as suas famílias) que estão ativas em movimentos sociais. Esta situação também se reflete na violação e perseguição de mulheres, particularmente no contexto de militarização”, assinala o texto.

O documento está no link
http://www.marchemondiale.org/structure/8rencontre/portugues/en/base_view

sábado, 12 de novembro de 2011

ABAIXO ASSINADO EM DEFESA DAS FLORESTAS

Para assinar entre aqui http://www.florestafazadiferenca.org.br/assine/index.php


ABAIXO ASSINADO EM DEFESA DAS FLORESTAS

A Câmara dos Deputados aprovou em maio um projeto de lei (PLC 30/2011) que modifica, para pior,o Código Florestal brasileiro.
Agora, cabe ao Senado Federal mudar essa realidade. Por isso, é importante que os Senadores que elegemos, saibam que:

QUEREMOS PROTEGER AS FLORESTAS, OS RIOS E A NATUREZA porque:
São fundamentais para qualidade de vida dos brasileiros;
São importantes para a água que bebemos e para conter as enchentes;
São essenciais para a saúde do clima no Planeta;
Protegem a lavoura das pragas, fortalecem e fertilizam os solos para produção de alimentos;
O uso sustentável dos bens naturais é um diferencial para o Brasil no século 21.

PORTANTO queremos um Código Florestal que:
Garanta efetivamente a conservação e uso sustentável das florestas em todos os biomas brasileiros;
Trate de forma diferenciada e digna agricultores familiares e populações tradicionais;
Considere os avanços da ciência;
Garanta a recuperação florestal das áreas ilegalmente desmatadas;
Reconheça e valorize quem promove o uso sustentável;
Contribua para evitar desastres ambientais;
Combata a cultura da impunidade;
Ajude a garantir água de boa qualidade para as cidades;
Acabe de vez com o desmatamento;
E seja digno do Século 21, digno do Brasil e das nossas futuras gerações.

E Por isso dizemos NÃO ao projeto de lei 30/2011 porque:
É um retrocesso à legislação ambiental brasileira;
Diminui a proteção de beiras de rios, encostas, topos de morros, mangues e veredas em todo o país;
Enfraquece o combate ao desmatamento e incentiva a ilegalidade;
Acaba com a função socioambiental da propriedade;
Contribui para o agravamento das mudanças climáticas;
Anistia multas e crimes ambientais, incentivando a cultura da impunidade;
É injusto com quem cumpre a lei.

sábado, 5 de novembro de 2011

CARTA DE SALVADOR


Somos 300 cidadãos e cidadãs brasileiras integrados à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), à Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), à Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), ao Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), ao Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), à Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), à Rede Alerta contra o Deserto Verde (RADV), à Marcha Mundial de Mulheres e à Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), em reunião na cidade de Salvador-BA, entre os dias 26 a 29 de setembro de 2011, durante o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências entre Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo.

Nosso encontro resulta de um longo e fecundo processo de preparação motivado pela identificação e sistematização de casos emblemáticos que expressam as variadas formas de resistência das camadas populares em suas diferentes expressões socioculturais e sua capacidade de gerar propostas alternativas ao modelo de desenvolvimento hegemônico em nosso país. Vindos de todas as regiões do país, esses casos iluminaram nossos debates durante esses três dias e fundamentam a manifestação política que apresentamos nesta carta.

Ao alimentar esse padrão de desenvolvimento, o governo Dilma inviabiliza a justa prioridade que atribuiu ao combate à miséria em nosso país. Tendo como eixo estruturante o crescimento econômico pela via da exportação de commodities, esse padrão gera efeitos perversos que se alastram em cadeia sobre a nossa sociedade. No mundo rural, a expressão mais visível da implantação dessa lógica econômica é a expropriação das populações de seus meios e modos de vida, acentuando os níveis de degradação ambiental, da pobreza e da dependência desse importante segmento da sociedade a políticas sociais compensatórias. Esse modelo que se faz presente desde o início de nossa formação histórica ganhou forte impulso nas últimas décadas com o alinhamento dos seguidos governos aos projetos expansivos do capital internacional. Materialmente, ele se ancora na expansão do agronegócio e em grandes projetos de infraestrutura implantados para favorecer a extração e o escoamento de riquezas naturais para os mercados globais.

Os casos emblemáticos que subsidiaram nossos diálogos demonstram a essência violenta desse modelo que viola o “direito de ficar”, desterritorializando as populações, o que significa subtrair delas a terra de trabalho, o livre acesso aos recursos naturais, suas formas de organização econômica e suas identidades socioculturais. Os movimentos massivos de migração compulsória daí decorrentes estão na raiz de um padrão de distribuição demográfica insustentável e que cada vez mais converte as cidades em polos de concentração da pobreza, ao passo que o mundo rural vai se desenhando como um cenário de ocupação do capital e de seu projeto de uma agricultura sem agricultoras e agricultores.

A progressiva deterioração da saúde coletiva é o indicador mais significativo das contradições de um modelo que alça o Brasil a uma das principais economias mundiais ao mesmo tempo em que depende da manutenção e seguida expansão de políticas de combate à fome e à desnutrição. Constatamos também que esse modelo se estrutura e acentua as desigualdades de gênero, de geração, de raça e etnia.

Nossas análises convergiram para a constatação de que os maiores beneficiários e principais indutores desse modelo são corporações transnacionais do grande capital agroindustrial e financeiro. Apesar de seus crescentes investimentos em marqueting social e verde, essas corporações já não conseguem ocultar suas responsabilidades na produção de uma crise de sustentabilidade planetária que atinge inclusive os países mais desenvolvidos e que se manifesta em desequilíbrios sistêmicos expressos no crescimento do desemprego estrutural, na acentuação da pobreza e da fome, nas mudanças climáticas, na crise energética e na degradação acelerada dos recursos do ambiente.

As experiências mobilizadas pelas redes aqui em diálogo denunciam as raízes perversas desse modelo ao mesmo tempo em que contestam radicalmente as falsas soluções à crise planetária que vêm sendo apregoadas pelos seus agentes promotores e principais beneficiários. Ao se constituírem como expressões locais de resistência, essas experiências apontam também caminhos para a construção de uma sociedade justa, democrática e sustentável.

A multiplicação dessas iniciativas de defesa de territórios, promoção da justiça ambiental e de denúncia dos conflitos socioambientais estão na raiz do recrudescimento da violência no campo que assistimos nos últimos anos. O assassinato de nossos companheiros e companheiras nessas frentes de luta é o mais cruel e doloroso tributo que o agronegócio e outras expressões do capital impõem aos militantes do povo e ao conjunto da sociedade com suas práticas criminosas.

Nossos diálogos procuraram construir convergências em torno de temas que mobilizam as práticas de resistência e de afirmação de alternativas para a sociedade.

Os diálogos sobre reforma agrária, direitos territoriais e justiça ambiental responsabilizaram o Estado face ao quadro de violência com assassinatos, expulsão e deslocamentos compulsórios de populações pela ação dos grandes projetos como as hidrelétricas, expansão das monoculturas e o crescimento da mineração; a incorporação de áreas de produção de agrocombustíveis, reduzindo a produção de alimentos; a pressão sobre as populações que ocupam tradicionalmente áreas de florestas, ribeirinhas e litorâneas, como os mangues, os territórios da pesca artesanal, com a desestruturação de seus meios de vida e ameaça ao acesso à água e à soberania alimentar.

As convergências se voltaram para a reafirmação da centralidade da luta pela terra, pela reforma agrária e pela garantia dos direitos territoriais das populações. O direito à terra está indissociado da valorização das diferentes formas de viver e produzir nos territórios, reconhecendo a contribuição que povos e populações tradicionais oferecem à conservação dos ecossistemas; do reconhecimento dos recursos ambientais como bens coletivos para o presente e o futuro; e os direitos das populações do campo e da cidade a uma proteção ambiental equânime. Convergimos ainda na afirmação de que o direito à terra e os direitos à água, à soberania alimentar e à saúde estão fortemente associados.

Reconhecemos a importância da mobilização em apoio ao Movimento Xingu para sempre - em defesa da vida e do Rio Xingu, considerado como um exemplo emblemático de luta de resistência ao atual modelo de desenvolvimento. Defendemos o fortalecimento da articulação dos atingidos pela empresa Vale e as propostas que combinem a gestão ambiental com a produção agroecológica, a exemplos de experiências inovadoras dos movimentos sociais em assentamentos da Reforma Agrária.

No debate sobre mudanças climáticas, seus impactos, mecanismos de mercado e a agroecologia como alternativa, recusamos que a proposta agroecológica seja apropriada como mecanismo de compensação, seja ele no invisível e inseguro mercado de carbono, seja em REDD, REDD+, REDD++ (redução das emissões por desmatamento e degradação) ou ainda dentro do pagamento de serviços ambientais. A Rio +20 engendra e consolida a chamada “economia verde”, que pode significar uma apropriação, pelo capitalismo, das alternativas construídas pela agricultura familiar e camponesa e pela economia solidária, reduzindo a crise socioambiental a um problema de mercado.

A Agroecologia não é uma simples prestadora de serviços, contratualizada com setor privado. Ela reúne nossas convergências no campo e na cidade, trabalhando com gente como fundamento. É possível financiar a Agroecologia a partir da contaminação, escravidão, racismo e acumulação cada vez maior do capital? É possível fazer um enfrentamento a partir do pagamento de serviços ambientais por contratos privados, parcerias público-privadas?

Ao debater os impactos da expansão dos monocultivos para agrocombustíveis e padrões alternativos de produção e uso de energia no mundo rural, os diálogos apontaram que a energia é estratégica como elemento de poder e autonomia dos povos, mas está diretamente ligada ao modelo (hegemônico e falido) de consumo, produção e distribuição. A produção de agrocombustiveis, baseada na monocultura, na destruição do ambiente, na violação dos direitos e injustiças sociais e ambientais, associa-se ao agronegócio e ameaça a soberania alimentar.

As políticas públicas sistematicamente desvirtuam as propostas calcadas nas experiências populares, colocando as cooperativas e iniciativas da agricultura familiar na lógica da competição de mercado e em patamar desigual em relação às corporações, tal qual ocorre nas áreas de geração de energia elétrica, segurança alimentar, ciência e tecnologia ou mesmo da economia solidaria.

Nas políticas para os agrocombustiveis, a agricultura familiar é inserida como mera fornecedora de matérias primas e o modelo de integração é dominante, mascarando o arrendamento e assalariamento do campesinato e embutindo o pacote tecnológico da revolução verde através das políticas de crédito, assistência técnica e extensão rural. O diálogo do governo com os movimentos sociais se precariza pela setorização e atomização das relações, enquanto a mistura de interesses e operações entre MDA e Petrobrás acaba por legitimar o canal de negociação empresarial no marco de uma política pública.

As experiências de produção descentralizada de energia e alimentos apontam como soluções reais aquelas articuladas por organizações e movimentos sociais que integram as perspectivas da agroecologia, da soberania alimentar e energética, da economia solidária, do feminismo e da justiça social e ambiental, e são baseadas na forte identidade territorial e prévia organização das comunidades.

Estas iniciativas têm em comum a diversificação da produção e dos mercados e a prioridade no uso dos recursos, dos saberes e dos espaços de comercialização locais. Estão sob o controle dos agricultores e têm autonomia frente às empresas e ao Estado. Articulam-se a programas e políticas públicas diversas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), não apenas ao Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Os processos de transformação estão sob o domínio das organizações em toda a cadeia produtiva, e há diversificação da produção de alimentos e de matriz energética e co-produtos, para além e como conseqüência da produção de combustível. As formas de produção estão em rede e têm capacidade de se contrapor aos sistemas convencionais como premissa de sua permanência no território.

Com base nestes princípios e lições, as políticas públicas para a promoção da produção de energia e alimentos devem ter: um marco legal diferenciado para a agricultura familiar; promover a produção e uso diversificado de óleos, seus co-produtos e outras culturas, adequadas à diversidade cultural e biológica regional; atender à demanda de adequação e desenvolvimento de tecnologia e equipamentos apropriados, acompanhada de processos de formação e de redes de inovação nas universidades; além de proporcionar autonomia na distribuição e consumo local de óleos vegetais, biodiesel e álcool.

Os diálogos sobre os agrotóxicos e transgênicos, articulando as visões da justiça ambiental, saúde ambiental e promoção da agroecologia, responsabilizaram o Estado pelas políticas de ocultamento de seus impactos expressas nas dificuldades de acesso aos dados oficiais de consumo de agrotóxicos e de laudos técnicos sobre casos de contaminação; na liberação de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) sem debate democrático com a sociedade e sem atender ao princípio da precaução; na frágil vigilância e fiscalização trabalhista, ambiental e sanitária; na dificuldade do acesso aos laboratórios públicos para análise de amostras de contaminação por transgênicos e por agrotóxicos no ar, água, alimentos e sangue; terminando por promover um modelo de desenvolvimento para o campo que concentra terra, riqueza e renda, com impactos diretos nas populações mais vulneráveis em termos socioambientais.

Há um chamamento para que o Estado se comprometa com a apuração das denúncias e investigação dos crimes, a exemplo do assassinato do líder comunitário José Maria da Chapada do Apodi, no Ceará; com a defesa de pesquisadores criminalizados por visibilizar os impactos dos agrotóxicos e por produzir conhecimentos compartilhados com os movimentos sociais; com políticas públicas que potencializem a transição agroecológica – facilitando o acesso ao crédito, à assistência técnica adequada e que reconheça os conhecimentos e práticas agroecológicas das comunidades camponesas.

Não há possibilidade de convivência entre o modelo do agronegócio e o modelo da agroecologia no mesmo território, porque o desmatamento e as pulverizações de agrotóxicos geram desequilíbrios nos ecossistemas afetando diretamente as unidades agroecológicas. As políticas públicas devem estar atentas aos impactos dos agrotóxicos sobre as mulheres (abortos, leite materno, etc.) pois estas estão expostas de diferentes formas, que vão desde o trabalho nas lavouras até o momento da lavagem da roupa dos que utilizam os agrotóxicos. O uso seguro dos agrotóxicos e transgênicos é um mito e um paradigma que precisa ser desconstruído.

É fundamental a convergência de nossas ações com a Campanha Nacional Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, ampliando os diálogos e convergências com os movimentos sociais do campo e da cidade, agregando novas redes que não estiveram presentes nesse Encontro de Diálogos e Convergências. Temos que denunciar esse modelo do agronegócio para o mundo e buscar superá-lo por meio de políticas públicas que possam inibir o uso de agrotóxicos e transgênicos, a exemplo da proibição da pulverização aérea, ou ainda direcionando os recursos oriundos dos impostos dos agrotóxicos, cuja produção e comercialização é vergonhosamente subsidiada pelo Estado. O fim dos subsídios contribuiria para financiar o SUS e a agroecologia.

Com relação aos direitos dos agricultores, povos e comunidades tradicionais ao livre uso da biodiversidade, constatamos que está em curso, nos territórios, um processo de privatização da terra e da biodiversidade manejada pela produção familiar e camponesa, povos e comunidades tradicionais. Tal privatização é aprofundada pela flexibilização do Código Florestal, que é uma grande ameaça e abre caminhos para um processo brutal de destruição ambiental e apropriação de terra e territórios pelo agronegócio.

A privatização das sementes e mudas, dos conhecimentos tradicionais e dos diversos componentes da biodiversidade vem se dando de forma acelerada, com o Estado cumprindo um papel decisivo na mediação (regulamentação e políticas públicas) dos contratos estabelecidos entre empresas e comunidades, representando sérios riscos aos direitos ao livre uso da biodiversidade.

Causa grande preocupação que as questões nacionais sobre conservação e uso da biodiversidade estejam sendo discutidas e encaminhadas sem a participação efetiva das populações diretamente atingidas, estando sujeitas a agendas internacionais como a Rio +20. Consideramos uma violação a atual forma de “consulta” sobre importantes instrumentos legais e de política concentrada em poucos atores e de questionável representatividade.

Experiências presentes neste encontro demonstram avanços e se fortalecem a partir da legitimidade de suas práticas e aproveitando as brechas existentes na legislação. Este é o caso, por exemplo, dos bancos comunitários de sementes no semiárido; da produção de sementes agroecológicas a partir de variedades de domínio público; da auto-regulação dos conhecimentos tradicionais sobre as plantas medicinais do Cerrado; da constituição de um fundo público das quebradeiras de coco babaçu através da repartição de benefícios que reconhece o conhecimento tradicional associado.

É necessário aprofundar a organização das agricultoras e dos agricultores, extrativistas, povos e comunidades tradicionais em seus territórios, de forma a fortalecer os princípios e ações de cooperativismo e suas interlocuções com as redes regionais, estaduais e nacionais como estratégia de resistência e construção de alternativas. A geração de alternativas econômicas é crucial neste contexto. A apropriação do debate em torno dos direitos pode facilitar e fortalecer o diálogo de nossas redes e movimentos com a sociedade civil de modo geral, de modo a visibilizar a importância dos modos de vida destas comunidades para a garantia de direitos humanos, como o direito à alimentação adequada e saudável.

Nos diálogos sobre Soberania Alimentar e Nutricional, Economia Solidária e Agroecologia, as experiências apontaram o grande acúmulo na construção de alternativas ao atual modelo agroalimentar, que garantam, de forma articulada, a soberania alimentar e nutricional, a emancipação econômica dos trabalhadores e trabalhadoras nos territórios, em especial as mulheres, a promoção da saúde pública e a preservação ambiental. Constatou-se que estas iniciativas contribuem com a construção concreta e material de propostas diferenciadas de desenvolvimento, calcadas nas realidades, cultura e autonomia dos sujeitos dos territórios e orientadas para a justiça socioambiental, a democracia econômica e o direito à alimentação adequada.

Estes acúmulos se expressam através da existência e resistência de dezenas de milhares de empreendimentos e iniciativas de Economia Solidária e Agroecologia, especialmente quando articuladas e organizadas em redes e circuitos de produção, comercialização e consumo, que aproximam produtores e consumidores e fortalecem a economia e cultura locais, num enfrentamento à desterritorialização e desigualdades de gênero, raça e etnia inerentes ao atual padrão hegemônico de produção e distribuição agroalimentar.

Constatou-se que os programas de alimentação escolar (PNAE) e de aquisição de alimentos (PAA), assim como o reconhecimento constitucional do direito à alimentação e a implantação do Sistema e Política de Segurança Alimentar e Nutricional, são conquistas importantes para a agricultura familiar e camponesa. Por outro lado, de forma paradoxal, o Estado tem apoiado fortemente o agronegócio, através da subordinação de sua ação a interesses do capital, e da falta de um horizonte e estratégia definidos de expansão do orçamento do PAA e do PNAE.

As vivências e experiências denunciam também a grande quantidade de barreiras ao acesso das iniciativas e empreendimentos de Economia Solidária e Agroecologia a políticas públicas e ao mercado. Tais barreiras se expressam em uma legislação e inspeção sanitárias e tributárias incompatíveis às realidades das/dos produtoras/es e trabalhadoras/es associadas/os, em especial no processamento e agroindustrialização de polpas, doces e alimentos de origem animal. Estas barreiras, somadas à burocratização na aquisição da Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP) e a uma ofensiva de setores empresariais que têm denunciado à ANVISA empreendimentos produtivos assim que estes começam a se fortalecer, têm impedido o escoamento da produção dentro e fora do município e o acesso ao PAA e ao PNAE. O direito à organização do trabalho e da produção de forma associada só existirá com a conquista de garantias e condições legislativas, tributárias e de financiamento que sejam justas.

Os diálogos apontaram também a luta pelo consumo responsável, solidário e consciente como um campo importante de convergência entre as redes e movimentos e como um desdobramento concreto deste Encontro, através da construção conjunta de um diálogo pedagógico com a sociedade, tanto denunciando os impactos e danos dos alimentos vindos do agronegócio e contaminados com agrotóxicos, o que exige a regulação da publicidade de alimentos, quanto anunciando as alternativas disponíveis na Agroecologia e na Economia Solidária.


Em busca de novos caminhos

Os exercícios de diálogos que estamos realizando há dois anos e os excelentes resultados a que chegamos em nosso encontro reiteram a necessidade de fortalecermos nossas alianças estratégicas e renovarmos nossos métodos de ação convergente. As experiências que ancoraram nossas reflexões deixam claro que os temas que identificam as bandeiras de nossas redes e movimentos integram-se nas lutas do cotidiano que se desenvolvem nos campos e nas cidades contra os mecanismos de expropriação impostos pelo capital e em defesa dos territórios. Evidenciam, assim, a necessidade de intensificarmos e multiplicarmos as práticas de diálogos e convergências desde o âmbito local, onde as disputas territoriais materializam-se na forma de conflitos socioambientais, com impacto na saúde das populações, até níveis regionais, nacionais e internacionais, fundamentais para que as causas estruturais do atual modelo hegemônico sejam transformadas.

A natureza local e diversificada de nossas lutas vem até hoje facilitando as estratégias de sua invisibilização pelos setores hegemônicos e beneficiários do modelo. Esse fato nos indica a necessidade de atuarmos de forma articulada, incorporando formas criativas de denúncia, promovendo a visibilidade dos conflitos e das proposições que emergem das experiências populares.

Uma das linhas estratégicas para a promoção dos diálogos e convergências é a produção e disseminação de conhecimento sobre as trajetórias históricas de disputas territoriais e suas atuais manifestações. Nesse sentido, as alianças com o mundo acadêmico devem ser reforçadas também como parte de uma estratégia de reorientação das instituições do Estado, no sentido destas reforçarem as lutas pela justiça social e ambiental. Estimulamos a elaboração e uso de mapas que expressem as diferentes dimensões das lutas territoriais pelos seus protagonistas como uma estratégia de visibilização e articulação entre nossas redes e movimentos. O Intermapas já é uma expressão material das convergências.

Outra linha estratégica fundamenta-se em nossa afirmação de que a comunicação é um direito das pessoas e dos povos. Reafirmamos a importância, a necessidade e a obrigação de nos comunicarmos para tornar visíveis nossas realidades, nossas pautas e nosso projeto de desenvolvimento para o país. A mudança do marco regulatório da mídia é condição para a democratização dos meios de comunicação. Repudiamos as posturas de criminalização e as formas de representação que a mídia hegemônica adota ao abordar os territórios, modos de vida e lutas. Contestamos a produção da invisibilidade nesses meios de comunicação. O Estado deve se comprometer a financiar nossas mídias, inclusive para que possamos ampliar projetos de formação de comunicadores e de estruturação dos nossos próprios veículos de comunicação. As mídias públicas devem ser veículos para comunicar aprendizados de nossas experiências, proposições e campanhas. Por uma comunicação livre, democrática, comunitária, igualitária, plural e que defenda a vida acima do lucro.

Nossos diálogos convergem também para a necessidade do reconhecimento das mulheres como sujeito político, a importância de sua auto-organização e a centralidade do questionamento da divisão sexual do trabalho que desvaloriza e separa trabalho das mulheres em relação ao dos homens, assim negando a contribuição econômica da atividade doméstica de cuidados e a produção para o autoconsumo. Convergimos na compreensão do sentido crítico do pensamento e ação feministas para ressignificar e ampliar o sentido do trabalho e sua centralidade para a produção do viver.

A apropriação do feminismo como ferramenta política contribuirá para recuperar e visibilizar as experiências, os conhecimentos e as práticas das mulheres na construção da agroecologia, da economia solidária, da justiça ambiental e para garantir sua autonomia econômica.

Mas a história também mostra que o permanente exercício da violência dos homens contra as mulheres é um poderoso instrumento de dominação e controle patriarcal que fere a dignidade das mulheres e impede a conquista de sua autonomia, e as exclui dos espaços de poder e decisão. A violência contra as mulheres não é agroecológica, não é solidaria, não é sustentável, não é justa. Por isso é fundamental que as redes que estão organizando o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências assumam a erradicação da violência contra as mulheres como parte de um novo modelo de produção e consumo, que deve ter como um eixo fundamental a construção de novas relações humanas baseadas na igualdade.

O papel do Estado democrático é o de construir um país de cidadãos e cidadãs, promover e defender a organização da sociedade civil e de estabelecer com ela relações que permitam à sociedade reconhecer nas instituições a expressão do compromisso com o público e com a sustentabilidade. Esse princípio é contraditório com qualquer prática de criminalização dos movimentos e organizações que lutam por direitos civis de acesso soberano aos territórios e seus recursos.

As redes e movimentos promotores deste Encontro saem fortalecidos e têm ampliadas suas capacidades de expressão pública e ação política. Estamos apenas no início de um processo que se desdobrará em ambientes de diálogos e convergências que se organizarão a partir dos territórios, o lugar onde nossas lutas se integram na prática.


Salvador, 29 de setembro de 2011

FOTOS: Roda de Conversa "O Feminismo que Queremos"

Fotos da Roda de Conversa realizada no sábado, 29 de outubro.
Nesse dia comemoramos também o aniversário de nossa companheira Celeste.


domingo, 30 de outubro de 2011

Nota da Marcha Mundial das Mulheres em defesa das políticas para as mulheres

No Brasil, como resultado do debate feminista desde os anos 1980, lutamos para que o Estado implementasse políticas públicas com o objetivo de combater as desigualdades e diferentes formas de discriminação sofrida por mulheres, negras e negros, e demais setores da sociedade.

Isto porque compreendemos que o Estado não é neutro em relação a essas desigualdades e que, ao não implementar políticas para revertê-las, acaba reforçando a desigualdade e discriminação em relação às mulheres e à população negra. Tais desigualdades são estruturantes do conjunto das relações sociais e, portanto, exigem mudanças econômicas, políticas e sociais.

Defendíamos, e defendemos até hoje, a criação de um organismo com autonomia política e econômica para propor e articular políticas para as mulheres. Por isso, a criação da Secretaria Nacional de Política para as Mulheres, com estatuto de Ministério, em 2003, durante o governo Lula, foi uma vitória para as mulheres.

Nossa compreensão é que o desafio atual é justamente avançar na institucionalização das políticas pela igualdade das mulheres e contra discriminação racial no conjunto do governo.

Nesse sentido, a notícia veiculada por alguns meios de comunicação sobre uma proposta de criação do Ministério dos Direitos Humanos (MDH) como uma pasta que agregaria a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), a Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) significaria retroceder no modelo atual e implicaria em retrocessos políticos inaceitáveis.

Nós, da Marcha Mundial de Mulheres, repudiamos essa visão e consideramos que isso seria o mesmo que afirmar que o combate às desigualdades de gênero e raça não tem legitimidade nem importância no Brasil.

A Marcha Mundial de Mulheres posiciona-se publicamente, manifestando todo apoio à defesa da manutenção da SPM, da SEPPIR, da SNJ e da SDH, cada uma com suas atribuições.

Marcha Mundial das Mulheres

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Qual o Feminismo que nós queremos?

O feminismo é um movimento político, de idéias e práticas que tem por objetivo construir um mundo melhor, justo e igual para todos e todas e, sobretudo, sem opressão e discriminação as mulheres.

Uma mulher feminista é uma mulher que luta por seus direitos, contra a divisão sexual do trabalho e demais desigualdades entre mulheres e homens e não para ser superior a estes.

Desde o século XVIII, as mulheres se organizam para lutar pelos seus direitos, no entanto o feminismo passou a ser reconhecido como movimento apenas no fim do século XIX. E desenvolveu-se com mais ou menos força em diferentes períodos.

No começo do século XX, as mulheres formaram grandes organizações que lutaram e conquistaram o direito à educação, ao voto e a certas profissões, como advocacia e magistério. As trabalhadoras, no Brasil e no mundo, destacam-se na luta por melhores condições de trabalho, salário igual para trabalho igual e uma divisão não sexista do trabalho doméstico e de cuidados.

No fim dos anos 60, houve uma nova onda de feminismo na Europa e nos EUA que chegou ao Brasil nos anos 70. Vários grupos foram criados em todo o país. As mulheres lutaram pelo direito de decidir se queriam ou não ser mães e por creches públicas; denunciaram a violência e se organizaram em torno das várias lutas que marcaram o Brasil nos anos de ditadura, além de terem contribuído com a fundação dos partidos pós-abertura, principalmente PT e PMDB.

A participação intensa de mulheres na constituinte de 1988 foi uma das marcas dos anos 80. Na década de 90, ganhou força a reivindicação da participação das mulheres na política e a exigência de que os governos tenham ações concretas para melhorar as nossas vidas.

No ultimo processo eleitoral elegemos nossa primeira Presidenta, Dilma Rousseff , e vivemos uma campanha marcada notadamente pelo machismo e por valores conservadores.
Quando olhamos para a História, podemos observar que o direito de votar e ser votada, de poder trabalhar, estudar e participar da vida política foram importantes conquistas do feminismo. No entanto, a igualdade real entre mulheres e homens ainda está por ser conquistada.

Nossos desafios estão mudando. Vivemos no século XXI marcado pela Globalização Capitalista e pelas Guerras “contra o terror fundamentalista”. Assistimos o crescimento do poder político econômico brasileiro e principalmente Chinês, enquanto os EUA vivem uma crise sem precedentes. Enfim como fica a luta das mulheres nesse cenário? Precisamos começar pensando o que é o feminismo para nós hoje e quais os desafios colocados pelo mundo contemporâneo para as feministas?

A Marcha Mundial das Mulheres surgiu na onda dos movimentos altermundistas, junto com o processo Fórum Social Mundial. Desde fins dos anos noventa organiza mulheres de todos os continentes, atuantes ou não em outros movimentos sociais, para combater a pobreza e a violência sexista.

Um diferencial da militância feminista da marcha é a participação em articulações políticas junto a outros movimentos sociais, como as lutas por soberania alimentar, contra a OMC e o plebiscito da Vale. Porque nós compreendemos o patriarcado como sistema de opressão das mulheres e o capitalismo como sistema de exploração de uma imensa maioria de mulheres e homens por parte de uma minoria. Estamos nas lutas juntas (os), pois acreditamos em:


Mudar a vida das mulheres para mudar o mundo!
Mudar o mundo para mudar a vida das mulheres!


Maria Eduarda Quiroga Fernandes

Roda de Conversa: “O Feminismo que Queremos”


A Marcha Mundial das Mulheres/RJ convida para:
Roda de Conversa com o tema: “O Feminismo que Queremos”
Com Mirla Cisne e Duda Quiroga

29 de outubro (sábado) – de 9:30h às 14:00h

Local: Auditório do Sinttel (Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã - Rio de Janeiro)

Anda faltando tempo...

Por conta do corre corre da vida não conseguimos atualizar nosso Blog como gostaríamos.

Mas vamos fazer um esforço para que isso não aconteça mais... e esse espaço da MMM do Rio de Janeiro será sempre atualizado com notícias e informes.

Idéias de matérias são super benvidas e podem ser enviadas para o email marchamundialdasmulheres.rj@gmail.com

domingo, 12 de junho de 2011

Informes de nosso Seminário do dia 18 de junho

Queridas amigas,


Vamos atualizar os informes sobre a 1ª Fase de nosso Seminário, que esse ano será dividido em 3 etapas.
Como todas já estão informadas será no dia 18 de junho, sábado, no auditório da CUT-RJ. O endereço é Av. Presidente Vargas, 502, 15º andar, Centro, Rio de Janeiro (fica no trecho entre a Rua Uruguaiana e Av. Rio Branco e a estação de metrô mais próxima é a Estação Uruguaiana).

Nossa pauta de discussão:




9:00 às 10:00h - Apresentação e dinâmica


10:00 às 12:00h - Formação feminista: Palestra com a professora Bila Sorj (socióloga e professora da UFRJ) - Gênero e Divisão Sexual do Trabalho



12:00 às 12:40 - Discussão sobre a Marcha das Margaridas, com a presença da companheira Penha, da FETAG.


12:40 às 13:00h - Intervalo para lanche.


13:00 às 13:45h - Informes sobre a 3ª Conferência de Políticas para as Mulheres, Marcha das Vadias no Rio de Janeiro e outras ações, e aprovação do cronograma de atividades para o segundo semestre.



13:45 às 14:00 - Dinâmica de encerramento.

Alguns lembretes:

- O Seminário é aberto, mas estamos solicitando que façam uma "pré-inscrição" para termos uma idéia do número de companheiras que estarão presentes. Então quem ainda não fez, por favor enviar um email para marchamundialdasmulheres.rj@gmail.com , com nome, endereço, telefone e onde atua como militante.

- Quem puder, pode levar alguma coisa para o nosso café-da-manhã coletivo (frutas, biscoitos, sanduiches, sucos etc).

- Faremos rifas durante a atividade, para ajudar nas nossas finanças. Então prendas para as rifas serão bem vindas!

Saudações feministas e até sábado!



sexta-feira, 3 de junho de 2011

1º ETAPA DO SEMINÁRIO DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES - RIO DE JANEIRO

Queridas companheiras,

Como combinamos na nossa última plenária esse ano realizaremos nosso Seminário dividido em 3 momentos, na pauta inicial a preparação para a Marcha das Margaridas e a 3ª Conferência de Políticas para as Mulheres.

1º ETAPA DO SEMINÁRIO DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES RIO DE JANEIRO
Dia 18 de Junho de 2011 - de 9 às 15:00h
Na CUT-RJ (Av. Presidente Vargas, 502/15º andar, Centro, Rio de Janeiro)


Programação:
9 à 10h: Apresentação e dinâmica
10 às 12h: Palestra com convidada para discutir Gênero e Divisão Sexual do Trabalho
12 às 13h: Intervalo para lanche, dinâmica e filme
13 às 15h: Trabalho de Grupos e Plenária

Lembrando que todas que desejarem participar precisam fazer uma “pré-inscrição” para sabermos quantas companheiras terão no evento.
Então basta mandar um e-mail com seu nome completo, telefone com DDD, endereço completo com CEP, e onde atua como militante, para o email: marchamundialdasmulheres.rj@gmail.com

Lembrem de levar contribuições para nossas Rifas!!!

Saudações Feministas a todas e nos vemos no dia 18 de Junho!

Secretaria Estadual da Marcha Mundial das Mulheres/RJ

sábado, 9 de abril de 2011

Ação da MMM: Domingo de sol no Aterro

Dia 27 de Março de 2011, um domingo de sol no Aterro do Flamengo e nós estávamos lá com nossas bandeiras, nosso piquenique, nossas palavras de ordem, panfletando Contra a Violência Doméstica e Sexual, assim como contra a mercantilização dos nossos corpos e nossas vidas.

Mulheres militantes da Marcha Mundial das Mulheres, jovens e ou da boa idade, trabalhadoras, estudantes, aposentadas, brancas, negras mestiças e mulatas, da capital do estado e da baixada fluminense, somos várias mulheres que em movimento e com irreverência vamos às ruas todos os anos dizer que Seguiremos em Marcha, até que todas sejamos livres!!!

Neste último domingo de março de 2011 fechamos os eventos do mês internacional das mulheres, sim porque um dia só não basta!

Em meio a banhistas, desportistas correndo e ou pedalando, ou transeuntes simplesmente curtindo a beleza da cidade maravilhosa em pleno Aterro do Flamengo numa manhã de domingo ensolarada, nós recitamos poemas feministas, falamos dos números da violência contra mulher, fizemos uma dinâmica de construção coletiva de uma frase, palavra a palavra para definir FEMINISMO, e demos depoimentos de 30segundos sobre as nossas vivências nesta luta que é cotidiana, pois somos mulheres e não mercadorias!

Agora vamos fortes e unidas rumo ao seminário de formação que nos preparará para a 3ª Conferencia Nacional de Políticas Publicas Para as Mulheres assim como para a edição de 2011 da Marcha das Margaridas.

Veja as fotos:
Ação MMM/RJ Março 2011

domingo, 20 de março de 2011

Liberdade para os presos políticos do Ato contra a Obama!

Companheiras,
Vamos assinar e divulgar a petição!
Pela libertação imediata das(os) 13 manifestantes que foram presos quando participavam do protesto contra a visita de Obama! Não podemos aceitar presos políticos! Pela liberdade de expressão! Pela garantia da democracia em país!!!

Para assinar: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=PSTU

domingo, 13 de março de 2011

Ação Feminista domingo no Parque

Todas estão convidadas....

Dando continuidade às atividades em celebração do Dia Internacional das Mulheres no Rio de Janeiro, Marcha Mundial das Mulheres/RJ organizará no dia 27 de março (domingo), a partir das 10 horas, uma ação feminista no Aterro do Flamengo. Teremos panfletagem, oficina, música e pic-nic coletivo.

Nosso ponto de encontro: no gramado, depois da passagem subterrânea, na altura do Bar Belmonte (Praia do Flamengo nº 500).

sábado, 12 de março de 2011

Marcha das Margaridas 2011 - Chamada Geral

A Contag está divulgando o vídeo da 4ª Edição da Marcha das Margaridas que acontece esse ano em agosto.

2011 Razões para Marchar por desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade

quarta-feira, 9 de março de 2011

8 de Março no Bloco Maria Vem com as Outras

Dia Internacional das Mulheres e Carnaval, sim é possível essa combinação dar certo! Nós da Marcha Mundial das Mulheres defendemos um movimento irreverente, alegre, que proteste sim, lute sim, por outro mundo mais solidário, igualitário com menos pobreza e violência sexista, mas acreditamos que é possível estar em movimento por mudanças de forma lúdica, e sim isso pode dar samba, isso o bloco Maria Vem Com as Outras nos ensinou.

Terça-feira de Carnaval, último dia oficial de folia, dia que todas e todos vão para as ruas pular carnaval, mesmo quem ficou em casa nos outros dias, pois é “a ultima chance” de ser folião. Em 2011 a terça-feira de carnaval ainda contou com mais uma “magia”, pois foi dia 08 de março, DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES.

Embaladas por essa conjuntura desfilou ontem pela Lapa o Bloco Maria Vem Com as Outras, que conta com uma bateria de mulheres e vocalista mulher. A letra do samba falava sobre liberdade, vida, mudanças e lembrava algumas mulheres que marcaram nossa história como Simone de Beauvoir, Maria Bonita, Lélia Gonzales e Chiquinha Gonzaga.

O bloco arrastou muitas bruxas, mulheres maravilhas, e Marias de todos os tipos: Cores, Raças/Etnias, orientação sexual, e idade. Marias, mulheres que foram se juntando trazendo seus amigos, companheiros, mulheres que se manifestavam também com suas fantasias, ou pirulitos denunciando a violência contra mulher em todo o mundo, mas também falavam de salário igual para trabalho igual, e da alegria de um Carnaval com a nossa cara, sem imposições de padrões de beleza, e com o nosso ritmo, as nossas mulheres mostrando que sim, nós podemos!

Enfim as mulheres estiveram em movimento no dia internacional das mulheres de 2011 no Rio de Janeiro, dizendo que podemos mudar o mundo e ter um carnaval com a nossa cara, é claro que nós da Marcha Mundial das Mulheres não podíamos ter ficado de fora dessa festa, desse dia de luta, comemoração, denuncia protesto, mas principalmente alegria porque como diz o samba das Marias viemos para viver, iluminando a trajetória e a vitória de mulheres que fazem acontecer!

Agora convidamos todas a continuar a luta e a folia no ato da Marcha Mundial das Mulheres Rio de Janeiro no dia 27 de Março as 10h no Aterro do Flamengo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Vídeo da 3ª Ação da MMM - 13 a 17 de outubro de 2010/RD Congo

Belíssimo vídeo sobre a Marcha no Congo, onde foi finalizada a Ação da MMM de 2010, do fotógrafo Pierre Yves Ginet, que há doze anos fotografa a resistência de mulheres no mundo inteiro.
A produção é francesa, mas mesmo que não se entenda todo discurso, dá para sentir a energia e a força das mulheres!

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Marche Mondiale des Femmes - RD du Congo
Enviado por Femmesenresistance-Expos. - Vídeos de notícias da mídia alternativa.">

domingo, 6 de março de 2011

A evolução da liberdade?

Um ótimo texto de nossa companheira da MMM, Alessandra Terribile, para o debate e reflexão principalmente nesse período de carnaval. Publicado originalmente em http://terribili.blogspot.com/2011/03/evolucao-da-liberdade.html

A evolução da liberdade?

O Carnaval é das festas mais tradicionais e aguardadas no Brasil. Em cada estado, as pessoas festejam a seu modo, e a alegria unifica tudo numa coisa só. Essa é a imagem bela que temos do Carnaval: bailes, blocos de rua, festas populares, muita gente feliz que, por 4 dias, consegue esquecer seus problemas e se irmana com desconhecidos e desconhecidas que estão sob a mesma condição.

O problema é que, como tudo, o Carnaval não é só beleza não. Todo ano, relatos de excessos cometidos por foliões Brasil afora deixam de orelha em pé qualquer pessoa que tenha algum apreço pelos direitos humanos. Entre tanta prática de barbárie, uma apresenta-se bastante comum: o desprezo pelas mulheres, seus direitos e sua autonomia.

Quem nunca ficou sabendo de uma história carnavalesca que envolveu violência sexual? Pra nem ir tão longe: quantas vezes você soube que, no meio da festa, passaram a mão em fulana ou beltrana? Quantas vezes você viu mulheres serem agarradas à força nessas situações? Pior: quantas vezes você ouviu, diante disso tudo, que “não se leve a mal, hoje é Carnaval”?

A celebração vira justificativa para uma porção de absurdos que, algumas vezes, nem são tolerados fora do contexto de Carnaval, mas sob ele são aceitos como se fossem práticas sociais recorrentes e até premiadas.

Há mulheres que deixam de freqüentar alguns espaços por causa do assédio fora de qualquer limite. Ficam constrangidas diante da imposição de um beijo, de um abraço, de uma mão em seu peito ou em sua bunda. Essas mulheres são mais numerosas do que se imagina.

Isso sem contar que o turismo sexual corre solto nessa época, ainda mais que em outras. Afinal, a propaganda que se faz do Brasil lá fora parece dizer que é a terra das mulheres gostosas e do sexo fácil e descompromissado. Milhares de mulheres sambando peladas, closes ginecológicos nas coberturas de TVs, fotos pornográficas em qualquer site de internet. Isso pra nem falar de como são retratadas as mulatas, pois o Carnaval é mais um momento em que o preconceito e a opressão das mulheres negras se reafirmam com muito mais força.

“Não seja exagerada ou moralista” é algo que certamente ouvirei (ou lerei) por conta desta opinião. Evidente que o Carnaval não é só a parte da falta de limites e da agressão de mulheres, seja pela mercantilização do seu corpo, pela vulgarização da sua imagem ou pela coerção física mesmo. Mas é conveniente tratar deste assunto agora, este ano, mais do que nunca, porque 8 de março de 2011 – Dia Internacional da Mulher – será terça-feira de Carnaval.

“Ô sua mal amada, que tem inveja das mulheres que podem ficar nuas na frente de todo mundo porque são belas”; ou “Deixa de ser histérica, que a maioria das mulheres nem se sente ofendida por nada disso que você está falando”. Mas é que este blog tem um público de esquerda, consciente da vida real, das desigualdades, da opressão, que sabe que as coisas não acontecem por acaso.

A luta das mulheres no Brasil e no mundo é histórica, conquistou muita coisa, transformou o mundo todo. Mas ainda falta muito. Nem precisamos nos alongar pra justificar essa afirmação, basta olhar os conhecidos dados acerca da violência contra mulheres, desigualdade salarial, atribuições domésticas, etc.

Bandeiras caras ao feminismo, como aquela contra a exploração do corpo das mulheres, contra a mercantilização, em defesa do livre exercício da sexualidade e contra todo tipo de violência são altamente contrariadas durante o Carnaval, em salões, blocos e TVs do país inteiro. Não pode ser um momento de exceção: a humilhação, coação e opressão das mulheres devem ser combatidas todos os dias do ano.

E pra quem fica indignada ou indignado diante da completa banalização que se faz do corpo feminino nessa época, que é exposto como se fosse uma lata de sardinha no supermercado, ou um frango assado girando em volta de si mesmo numa padaria, não se sinta ultrapassado ou moralista. Anacrônica é essa forma de ver as mulheres. E uma indignação coletiva e em voz alta pode ajudar a alterar as coisas como estão – porque, como disse Paulo Freire, o mundo não é, o mundo está sendo.

Neste 8 de março, além de guerrear contra a indústria de cosméticos e seus afins, que não se conforma enquanto não tornar nosso dia de luta em mais um dia de comércio, temos esse forte adversário pela frente: a naturalização da opressão e a ideia de “período de exceção”. Mas nós, feministas, que tantas batalhas já vencemos, não tememos essa não. E viva o dia internacional da mulher!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Mensagem da Marcha Mundial das Mulheres para o dia 8 de Março


Começamos 2011 com esperança e revolução em nossos corações e mentes, enquanto ao mesmo tempo em que apoiamos as lutas por autodeterminação e democracias participativas no norte da África e o mundo árabe. Os povos de Argelia, Baherein, Egito, Iran, Líbia, Marrocos, Túnisia e Síria tem demonstrado que os levantes massivos de mulheres e homens tem o poder de derrubar governos e ditaduras. As vozes das mulheres são cruciais para a construção do povo, e nesse Dia Internacional das Mulheres, renovamos o compromisso de lutar junto a companheiras para assegurar sua participação ativa nos processos de transição de seus países.

Passado um ano do lançamento da 3ª. Ação Internacional, nós, feministas e ativistas da Marcha Mundial das Mulheres – seguimos marchando, resistindo e construindo alternativas. Renovamos nosso compromisso de organizarmo-nos coletivamente até que todas nós sejamos livres da opressão e discriminação com as quais lidamos como mulheres. Temos o compromisso de fortalecer, consolidar e expandir nosso movimento de base, permanente, ao redor do mundo.

Nos desafia a necessidade de analisar, construir e fortalecer os vínculos entre nossos campos de ação – Trbalho da Mulheres (por autonomia econômica); Violência contra as Mulheres; Bens Comuns e Serviços Públicos, Paz e Desmilitarização – em nossa luta por autonomia sobre nossas vidas, corpo e territórios. As ações que realizamos como parte da 3ª. Ação Internacional fizeram víncluos ainda mais explícitos e visíveis: os interesses econômicos das corporações internacionais e os interesses geo-políticos, de governos que são combustíveis para os conflitos (como na República Democrática do Congo e na Colômbia); o uso sistmático da violência contra as mulheres como arma de guerra nesses conflitos; a exploração do trabalho produtivo e reprodutivo e do meio ambiente para fortalcer o patriarcado e o racismo para proteger o capitalismo de sua crise sistemica; a privatizaçção dos serviços públicos e dos recursos naturais; e a promoção do capitalismo verde para seguir maximizando a riqueza e os lucros.

São acçoes locais, nacionais e regionais concretas em distintos países que dão significado a estas ligações entre nossos Campos de Ação. Quando fazemos protestos diante das bases militares estrangeiras ou instalações militares em nossos países, ou quando fazemos ações diretas para fazer pressao sobre nossos goversnos para que diminuam os gastos militares, estamos dizendo “Basta”! a militarização de nossas comunidades e sociedades. Quando nos mobilizamos diantes das embaixadas nossa solidariedade é traduzida em ações em nome de nossas companheiras que estão presas, torturadas, estupradas e criminalizadas em outros países. Quando fazemos escutar nossas vozes, quando estamos visíveis e irreverentes, estamos desafiando o sistema patriarcal onde os espaços naturais das mulheres são a casa e a família.

Quando exigimos salários iguais para trabalhos iguais e direitos trabalhistas, estamos lutando por condições de trabalho justas para todas as companheiras exploradas no sistema globalizado e capitalista. Quando resistimos às falsas soluções para as mudanças climáticas (o mercado de carbono, os agrocombustíveis, REDD, etc), estamos demonstrando que nao podemos aceitar a destruiçao dos povos e de nosso planeta enquanto as grandes empresas seguem contaminando e destruindo. Quando nos mobilizamos contra as corporações que exploram minérios transnacionais que tem suas sedes nos países europeus e norte-americanos, estamos mostrando que não aceitamos a exploração do meio ambiete e dos povos nos países onde a economia é dependente da exportação de metais e mineirais

Em um mundo globalizado e de livre mercado o sistema capitalista e patriarcal não tem fronteiras, enquanto povos são controlados dentro de seus territórios ou forçados a fugir de seus territórios ancestrais. Seguimos em solidariedade com nossas companheiras e companheiros – no Sahara Ocidental, Palestina, o mundo Árabe e o Oriente Médio, na Costa do Marfim, Honduras e Curdistão – lutando pelo controle e descolonização de suas terras e seus recursos naturais, para acabar com a exploração de seus povos, pela paz e contra os conflitos e a militarização.

Não nos calaremos com balas, bombas e agressões! O 8 de março é um dua histórico para a luta das mulheres no calendário feminista e estaremos, uma vez mais, nas ruas para protestar, denunciando e celebrando as vitórias que teremos em 2011!


¡Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Mulheres camponesas ocupam BNDES no Rio de Janeiro 2 de março de 2011


Da Página do MST
http://www.mst.org.br/Mulheres-camponesas-ocupam-BNDES-no-Rio-de-Janeiro


Nesta quarta (02/03), cerca de 300 mulheres trabalhadoras do campo e da cidade ocuparam a sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no centro do Rio de Janeiro, para denunciar os efeitos negativos à vida humana e à natureza da utilização excessiva de agrotóxicos pelo agronegócio .

Durante o dia, está previsto um ato político com a participação de várias entidades, sindicatos, partidos e movimentos sociais.

O objetivo da mobilização é denunciar os altos investimentos e empréstimos do BNDES aos grandes latifundiários e às transnacionais, que hoje dominam a agricultura no Brasil e se apropriam da natureza e da riqueza produzida no campo.

Os recursos públicos administrados pelo BNDES não podem ser utilizados sem critérios técnicos e legais e desrespeitando a legislação ambiental em vigor, em favor de uma irresponsável e destruidora expansão dos monocultivos.

As organizações e movimentos exigem do banco uma radical e profunda reorientação de sua política, com investimentos prioritários em educação, emprego, saúde, direitos previdenciários, habitação e reforma agrária.

E que não financie o agronegócio e empresas como a siderúrgica TKCSA, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que matam o mangue, o mar, contaminando o ar e colocam milhares de pessoas em situação insuportável de sobrevivência.

A mulheres defendem a agroecologia, a biodiversidade, a agricultura camponesa cooperada, a produção de alimentos saudáveis, a Reforma Agrária, os direitos previdenciários, a saúde e educação gratuita e de qualidade para todos.

Para defender a terra, a água, as sementes, a energia e o petróleo como bens da natureza a serviço dos seres humanos.

Entre as organizações que participam da mobilização no centro do Rio estão a Via Campesina Brasil, MST, Mulheres PSOL, SEPE, Intersindical, Comitê Popular de Mulheres, PACs, DPQ, Marcha Mundial de Mulheres, CAMTRA, NEARA, UJC, Movimento Nacional de Luta por Moradia.

Em todo o Brasil, as mulheres da Via Campesina deflagraram a Jornada de Lutas das Mulheres para denunciar a utilização excessiva de agrotóxicos nas lavouras brasileiras, responsabilidade do modelo de produção do agronegócio. Já são seis estados se mobilizando.