quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Encontro da Marcha Mundial das Mulheres faz balanço e debate linhas de atuação

por Camila Queiroz - Jornalista da ADITAL

Materia originalmente publicada em
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=62363


Entre os próximos dias 20 e 25 de novembro, mulheres de mais de 30 países estarão reunidas no 8º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), que ocorrerá na Cidade Quezon, Filipinas. O momento, realizado a cada dois ou três anos, se propõe a avaliar ações e traçar linhas de trabalho para anos seguintes, além de fortalecer movimento.

Coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha, Miriam Nobre informa que o Encontro fará balanço da Terceira Ação Internacional da Marcha, ocorrida em 2010 em países onde há conflitos internos e muitos casos de violência contra as mulheres no marco desses conflitos, como Congo, na África, Colômbia, na América do Sul, e Turquia, no Mediterrâneo.

"A gente optou por atuar no território em concreto onde isso acontece e agora precisamos ver como dar seguimento a essa ação, como se fortalecer para dar resposta a essas mulheres que vivem conflitos em seu país e encontrar alternativa para o mundo todo”, declara.

Também está na pauta o contexto sócio-econômico e político mundial, pois é a partir dele que a Marcha planeja suas ações. "A crise econômica só será terminal se a gente tiver alternativas. Vemos formas de organização em acampamentos, principalmente nos países no Norte, mas a gente tem que debater que tipo de movimento é necessário para o atual momento e o que a MMM pode fazer”, explica.

Outro objetivo do evento, segundo a militante, é pensar a organização interna. "A gente quer garantir uma estrutura flexível, a mais horizontal e democrática possível. Temos que rever estatuto e regras de funcionamento. Será iniciado processo para eleger o Comitê Internacional da Marcha e também para eleger Secretariado Internacional, que ainda está com o Brasil”, detalha.

Por ser a primeira vez em que a Marcha se reúne no sudeste asiático, o Encontro está carregado de expectativas. "Esperamos conhecer o movimento de mulheres de lá e perceber como é a dinâmica do local, para conhecer realidade a delas e sair de lá contaminadas por essas questões”, disse. Além disso, há a intenção de reestruturar a Marcha no mundo árabe, esperando-se a presença de militantes feministas da Tunísia e da Palestina.

Por fim, Miriam destaca a importância do Encontro como momento para fortalecer a própria tessitura da Marcha, estreitando contato entre as militantes, que poderão compartilhar entre si experiências tão diversas – pois são mais de 30 países das Américas, África, Ásia e Europa, cada um com sua cultura política – mas que se ligam por a partir de situações de opressão que se repetem.

"A MMM é um movimento de base, então é super importante um momento em que a gente se encontre cara a cara. Por mais que a gente se fale por telefone, por e-mail, etc., é importante compartilhar o que está acontecendo em nosso país, mostrar que nossa realidade não é única, mas que faz parte de um contexto”, comenta.

Conjuntura

Está disponível, no site da Marcha, um texto que subsidiará o debate no 8º Encontro Internacional. Em destaque, a busca por um trabalho anti-capitalista por parte do movimento frente às consequências da crise do modelo capitalista, sentida mais fortemente, até agora, nos países ditos centrais para o sistema.

Para a marcha, o fundamental é avaliar como essa conjuntura repercute na vida das mulheres em todo o mundo, com ataques de setores ultra-conservadores aos direitos civis, sexuais e reprodutivos, reforçados pela mídia, que, na opinião do movimento, fortalece a ofensiva contra as mulheres.

"Apesar da existência de várias leis contra a violência de gênero, temos testemunhado a intensificação da violência contra as mulheres, expressa no feminicídio. Em particular, temos notado em todos os continentes o aumento de violência contra mulheres (e as suas famílias) que estão ativas em movimentos sociais. Esta situação também se reflete na violação e perseguição de mulheres, particularmente no contexto de militarização”, assinala o texto.

O documento está no link
http://www.marchemondiale.org/structure/8rencontre/portugues/en/base_view

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